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terça-feira, 24 de maio de 2011

Escola de Sagres


No início do século XV, o monarca português Dom Henrique fundou um centro de estudos de cartografia em associação com ricos comerciantes e armadores (fabricantes de embarcações). Nesse centro, desenvolveram-se instrumentos como a bússola e o astrolábio. Recentemente, surgiu uma controvérsia sobre a existência ou não de tal centro. Muitos historiadores portugueses afirmam que tal centro não existiu e foi uma versão inventada e superdimensionada dos feitos portugueses nas navegações. Outros afirmam, por outro lado, que a palavra escola deve ser vista como um estilo de cartografia.

De qualquer forma, o período foi muito rico na elaboração de mapas e representou a ascensão de Portugal no contexto geopolítico das navegações.


MENDES, I; TAMDJIAN, J. Geografia geral e do Brasil: Estudos para a compreensão do espaço.São Paulo: FTD, 2005.

A Origem dos Mapas

Os mapas surgiram muito antes das grandes navegações dos séculos XV e XVI. Mesmo nas sociedades mais primitivas, o homem sentiu necessidade de localizar recursos, pontos importantes e caminhos especiais. Como essas informações eram importantes para sua sobrevivência, valiam-se dos mais variados meios e formas para documentá-las.

O mapa nunca foi somente um desenho, mas um conjunto de informações visuais. Observe abaixo alguns mapas antigos que serviram para ajudar a sociedade a entender o espaço que habitava.

Estima-se que o mapa de Ga-Sur tenha sido gravado pelos babilônios por volta de 2500  A.C. É um dos mais antigos mapas de que se tem notícia.
 
O mapa de Ga-Sur data de 2500 A.C. e tem origem na Mesopotânia. Ele se preocupava em representar os principais rios da região, especialmente o Eufrates, e o território nas proximidades. Trata-se de uma pequena placa feita de barro, com representações sulcadas e esculpidas.


Na China Imperial, muitos mapas foram produzidos e utilizados por navegantes, que documentavam suas viagens e depois entregavam as informações ao seu soberano. Nessa imagem, o líder da frota, Zheng He, criou um verdadeiro guia de sua expedição no século XV.
Feito como um roteiro, o mapa Zheng He documenta uma longa expedição da frota Imperial. Mais tarde, seria usado por outros navegantes chineses para se orientarem nas viagens a serviço do imperador.



Durante a Idade Média Europeia, os mapas eram também uma representação da religiosidade e do poderio da Igreja católica. Neles, muitas vezes, a cidade de Jerusalém (sagrada, para o cristianismo) ocupava o centro do mundo. Um exemplo desses mapas aparece em um Livro de Salmos, do século XIII.

Mapa do mundo desenhado no Século XIII que mostra Jerusalém no centro.
 
Quando o comércio atinge o apogeu na Europa, tem início uma corrida para descobrir e conquistar novas terras, em busca de mais mercadorias. Dessa forma, a cartografia ganha uma dimensão ainda maior, pois dela dependia o sucesso das expedições e, portanto, das empreitadas comerciais.

Nesse período popularizaram-se os chamados portulanos, isto é, roteiros do litoral por onde os navios passavam. Eles se preocupavam em orientar os navegantes naquele local, mas sem contar ainda com a precisão das latitudes e longitudes, que só passariam a ser usadas muito tempo depois. Observe um portulano:


Conforme as navegações se desenvolviam, as técnicas acompanhavam essa evolução. Conseqüentemente, os mapas ficaram mais sofisticados, tornando-se objeto de cobiça dos navegadores e comerciantes. Sua elaboração era cercada de segredos e segurança. Surgiu inclusive um estilo, um modo especial de criar mapas. Esse estilo ficou conhecido como Escola de Sagres.



MENDES, I; TAMDJIAN, J. Geografia geral e do Brasil: Estudos para a compreensão do espaço.São Paulo: FTD, 2005.